A bancada do PSOL acionou o Ministério Público Federal (MPF) na manhã desta quinta-feira (31) contra o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, após nova nota do governo celebrando o golpe militar de 1964 e a ditadura civil-militar que durou 21 anos no país.
A ação do PSOL denuncia o governo por danos morais e coletivos e exige a retirada imediata da nota do ar, que chama o golpe militar de “marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”.
“A nova tentativa do governo de comemorar o golpe de 1964 é um atentado contra o Brasil e a democracia”, sintetizou a líder da bancada do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim, ao anunciar a ação do partido.
A nova tentativa do governo de comemorar o golpe de 1964 é um atentado contra o Brasil e a democracia. A bancada do PSOL acaba de acionar o MPF contra Bolsonaro e Braga Neto por danos morais coletivos e exigindo a imediata retirada dessa nota do ar. #DitaduraNuncaMais pic.twitter.com/0CMHjf056g
— Sâmia Bomfim (@samiabomfim) March 31, 2022
Distorcendo a realidade e a história brasileira, a nota do Ministério da Defesa tem trechos completamente absurdos. “Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”, diz a nota, utilizando o discurso dos golpistas da época, já fartamente desmentido pela historiografia brasileira.
Não contente em celebrar o golpe militar, a nota da Defesa também celebra os anos de ditadura civil-militar, marcado pela forte repressão, torturas e assassinatos de centenas de brasileiros.
“Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”, diz outro trecho da nota.